dramaturgia e direção Anita Mosca
Direção de atores Carmen Femiano
Com Tina Femiano e Anita Mosca
Projeto de som Bk Bostik
Iluminação e cenografia Ciro Di Matteo
Assistentes de direção Mariní Sabrina Fernando e Ilaria Olimpico
Fotos Pasquale Raiola
Produção Alqantara
Sinopse
Um emaranhado de relações sentimentais e emocionais, em uma família normal da província napoletana. A incapacidade de expressar afeto e a incapacidade de escapar os silêncios, cada vez mais mudos, terra de mal entendidos de conveniência e incomprensão contínua. Mal entendidos e sentimentos de culpa que corroem as relações até fazer os protagonistas do estreito agregado familiar, estranhos uns aos outros, condenando-os a uma feroz solidão. Em um dia de festa, quando a tensão emocional familiar é amplificada por obrigações sociais à felicidade e ao convívio, acontece uma tentativa desesperada, e inesperada, de se abrir um com o outro, para dissolver velhas encruzilhadas. Uma tentativa em vão, sufocada por medos e convenções, medíocres e mesquinhas, de uma pequena cidade provinciana. Apesar das confissões desconfortáveis e dolorosas, tudo permanece inalterado, sufocado pela lamentável e prioritária atmosfera de festividade.
"Sólida escrita, dolorosa e triste, mas não sem arrepios de ironia para "Interno familiare" de Anita Mosca. Autora e também atriz, juntamente com Tina Femiano. (...) Ótimas as duas, diretas em lentas afinações e dissonâncias por Carmen Femiano. Hostilidades íntimas, obtusas paixões mal confessadas, desentendimentos familiares e mal entendidos arrastados ao longo tempo, cavam trincheiras de desejados afetos, não concedidos. Uma mãe e uma filha para contar de um dia de festa mal feito e de falências mal reveladas.”
Giulio Baffi, La repubblica
"… uma discussão sobre as linhas, entre uma mãe conformista, interpretada por uma hábil Tina Femiano, e uma filha relutante, que dá substância dramática à mesma autora. As duas mulheres jogando esgrima com picos de elevada tensão, em uma auto-consciência familiar, que coloca de um lado, os pais e o filho favorito, e do outro, as duas filhas, diferentes, mas ambas transgressivas. (Casada com amante a primeira, estudante mantida por um homem casado a segunda). Anita Mosca, que interpreta precisamente este personagem, dá a ele, ásperas rugosidades ligadas a silêncios significativos e as respostas no gutural sotaque napolitano da província, que empurra toda a pièce, sobre registros absolutamente hiperrealistas ."
Stefano De Stefano, Il Corriere del Mezzogiorno
“…Anita Mosca, também autora do texto e Tina Femiano, foram magistral e perfeitamente aderente aos seus respectivos personagens, retornando com grande profundidade humana, uma mãe e uma filha. Uma mãe e uma filha tão bem feitas no texto e na interpretação, que o espectador se sente como aquele convidado que chega na casa de uma família em um momento ruim... Neste "Interno Familiare" o espectador vê o seu próprio interno familiar, tão implacavelmente semelhante, que a peça parece quase fazer sentido às lacunas de cada um de nós, às tentativas desajeitadas de confronto, à incapacidade de ouvir …"
Francesco Cacciapuoti, Roma
"Louvável o trabalho de Anita Mosca, que alem de se propor como atriz e diretora, ela se põe em causa também como autora, atenciosa e corajosa. Audaciosa a tentativa de trazer para a cena, uma situação da vida diária, acentuando em maneira marcante a relação mãefilha, filhosfamília, num único ato emocionalmente intenso. Um diálogo entre duas entidades, entre passado e presente, entre mãe e filha, entre uma geração e outra, todo consumido na cena através de mecanismos de narrativa perfeitos. Anita Mosca em cena é acompanhada por Tina Femiano, mulher de grande intuição, profissionalismo e talento. Bela representação, corretamente interpretados, digno de nota o trabalho de Carmen Femiano, como preparadora de atores.
Anita Curci, Teatro.org
"A comparação com Annibale Ruccello é inevitável: o olhar através fechaduras imaginárias para espionar catástrofes privadas. O microcosmo que reflete o macrocosmo social, algumas frases que remetem a Donna Clotilde em "Ferdinando", a cena e o desencontro entre mãe-filha que remete a "Mamme. Piccole tragedie minimali". Figuras masculinas mencionadas e nunca presentes, o pai doente símbolo da decadência familiar e a mulher fiel ao marido patrão. Louvor às atrizes, Anita Mosca, também autora do texto e Tina Femiano, que transmitem emoções e ansiedades dos protagonistas, tanto que o público é conduzido a imaginar que as duas figuras são verdadeiramente vinculadas por parentesco. Os espectadores aparecem como convidados imaginários a este jantar, tropeçam por acaso no meio de uma querela amarga, pessoal e familiar.”
Emanuela Ferrauto, Krapp’s Last Post
"Uma narração intensa e emocionalmente envolvente enfrenta o tema do encontro – desencontro, gene racional, através da interpretação maravilhosa de Anita Mosca e Tina Femiano, que aqui usa o dialeto, duro e afiado da província napoletana (...) Um diálogo feito de frases pungentes, que mostram todos os mal-entendidos e os silêncios, que contam a história toda."
Maria Colucci, Il Brigante
Notas de direção
Os personagens de "Interno Familiare" movem-se sobre o fio presença – ausência, alguns deles são manifestados através do corpo e a voz do ator, outros emergentes através da ausência, pela evocação dos fatos e episódios. No entanto, os assuntos pessoais e familiares de todos os personagens continuam com a mesma nitidez.
Portanto, a mãe relegada a um papel subalterno, fica buscando alívio em telenovelas e mania de faxina na casa. A irmã mais velha, presa no papel de mulher respeitável, mãe e esposa, tenta encontrar em uma adúltera desesperada paixão, a alegria de viver, enquanto a irmã mais nova se rebela à hierarquia patriarcal da família, mas não consegue processar um novo código de comportamento como pessoa e como mulher na relação com o outro sexo. Seu irmão, amolecido pelas facilidades da condição de homem em um contexto provinciano e machista, pretende encontrar uma mulher para reproduzir o mesmo esquema familiar. O pai que, criado em um ambiente atrasado e tradicionalista, é incapaz de transformar-se no tempo e de se adaptar ao presente, fechando-se cada vez mais em si mesmo, até o silêncio total.
A peça levanta questões, deixa dúvidas e estimula reflexões sobre o conceito de família, de ontem e de hoje, a relação entre as energias do sexo masculino-feminino dentro dessa estrutura familiar e coloca fogo sobre a condição e a posição das mulheres no seio da família.