Rito teatral e convivial no Mediterrâneo
Dramaturgia, direção e atuação Anita Mosca
Presença cenica Roberta Torres
Consultoria cultural Silvia Alciati
Chef Julio e João Jacques
Gráfica Nemer Fornaciari
Fotos Rodrigo Nunes Lamounier
Vìdeo Netun Lima
Produção Anima Dulcis
com o apoio do
Ministério da Cultura do Governo Federal - Brasil
Consolato Italiano di Belo Horizonte
Comites BH - Comitê Italianos no Exterior
Sentido do Gosto de Belo Horizonte
XIII Semana da Cultura Italiana no Mundo
Turnê
2014 XX FIT|BH Festival Internacional de Teatro Palco e Rua de Belo Horizonte
2013 Espaço Aberto Pierrot Lunar, Belo Horizonte
Sinopse
Uma mulher acolhe os convidados/espectadores em um jantar mediterrâneo à volta de uma mesa suspensa no tempo. Lugar de encontro e desencontro, de amor e de tensão, de expectativas e desilusões, a mesa é o ponto nevrálgico da casa. Lembranças de adolescente se entrelaçam a feridas de vida, a fotos de família, a conquistas de gênero, a fragmentos de amor em um caos temporal que encontra a própria ordem nas lembranças e na linguagem cenica. Tudo isso retratado pelo vinho tinto, pelas canções antigas e pelo azeite agridoce da costa mediterrânea.
Notas de direção
Havia uma atmosfera de província nas pequenas cidades da costa sorrentina. As duas da tarde todo o mundo já tinha voltado para casa, da escola, da o trabalho, para almoçar junto com a família e descansar um pouco antes de retornar para a fatiga do viver. As ruas eram desertas nas primeiras horas da tarde e sempre me dava uma aflição encontrar alguém, sozinho na rua naquela hora, que não tinha para onde voltar. Eu acostumava chegar tarde para o almoço. Depois das aulas não ia direito para casa, mas dava mais uma volta com a minha Vespa HP verde brilhante, para sentir o vento no rosto e o sal do mar no cabelo, antes de enfrentar o olhar severo e silencioso de meu pai, na cabeceira da mesa, à volta da qual toda a família estava reunida.
La cena parte de lá, dessa mesa suspensa no tempo, entrelaçando a memoria da atriz com a memoria da mulher. Começa uma viagem entre os sonhos, as expectativas, os desafios, as feridas, os contrastes e os erros de uma adolescente de uma pequena cidade do sul da Itália, que encontra no teatro um possível percurso de descoberta, resgate e libertação da própria feminilidade. O tempo é um grande parceiro desse meu ultimo trabalho. O que era um detestável hábito se torna um doce ritual, o que era um gesto de obrigação muda-se em ato de amor, o que era uma prisão torna-se um espaço de poesia na (La) cena. Sabores, lembranças, cheiros, imagens se misturam para atingir os sentidos e contar a mesma história.
“O espetáculo é denso e profundo, sentimentos rasgados perpassam a alma da protagonista e nos envolvem, fatalmente. Isso sim, é teatro no sentido mais pleno.”
Patrizia Collina Bastianetto, professora de Língua e Literatura italiana, UFMG
“Anita Mosca, em sua última produção teatral, "La cena", em que atua como dramaturga, diretora e atriz, convida seu público a um jantar sentado ao redor de uma longa mesa (...). Serão todos os sentidos a serem estimulados, nesta cena performática elaborada pela potência da autoficção. É este misto de biografia e ficção, perfeitamente elaborado pela competência e criatividade cênica de Anita, que nos leva a um mundo de perfumes, sabores, cantos, ritmos e idiomas diferentes, teatro, família, guerras, paisagens, Mediterrâneo. Mas a peça fala, acima de tudo, do drama-poesia que é o mundo da Mulher, ou de todas as mulheres. Elas que são as artífices dos jantares, que os enfeitam, que preparam os pratos, que os servem e arrumam tudo depois. Elas, as mulheres deste mundo que é passado no presente, vítimas e cúmplices das tradições-armadilhas de suas "famílias". Um mundo que, apesar de tudo, continua nos encantando com toda a sua magia, tão bem representado na mágica "La cena" de Anita Mosca.
Anna Palma, Professora de Língua e literatura italiana, UFMG
“(A família é um prato que se serve quente.) Por isso estamos à mesa recomposta, recebendo das suas mãos o prato principal, a pasta fumegante: há que repassar mais e mais a “scena della cena”, essa descomunal descomunhão à qual tornamos todos, emudecidos e diminutos, como outrora, e nos irmanamos, nutridos pela veracidade da cena de Anita.”
Beatriz de Almeida Magalhães, escritora e artísta plástica.
“O jantar, um ritual que se repete todos os dias, mas que, às vezes, assume um significado especial. O jantar de Anita é uma daquelas noites especiais, como tantas vésperas de Natal, em que todos têm experimentado a doçura e o desespero de fazer parte de uma família. Participar no jantar de Anita nos dá a distância necessária porque a catarse se realize e nos permite sair do teatro com o coração finalmente pacificado. Obrigada Anita."
Antonella De Muti, Professora de Cultura e Literatura Italiana,UFMG
“Ontem à noite levei meus alunos para vermos a Anita Mosca em sua última produção "La cena". Presenciei um retorno ao trágico antigo, ao exuberante, ao dionisíaco, ao lugar onde a vida e a morte se completam num ritual compartilhado.
Dores e alegrias, tudo misturado, um banquete de imagens e palavras. Como diz Eurípides, "o presente tem sua própria alegria, é mesa cheia pros viventes! E foi! Sem exagero.”
Tereza Virgínia Barbosa, Professora de Grego e Teatro Grego, UFMG
“Ontem assisti ao espetáculo da Anita Mosca “La cena” e achei sensacional. Espetáculo emocionante, sensível e... autobiográfico (o que de alguma maneira nos aproxima ainda mais da situação exposta, da cena). Enfim, estou extasiada até agora! E, se sobrar um tempinho, quero assistir novamente! E quem sabe não consigo arrastar minha 'família' para assistir à peça?”
Ana Carolina, Graduada em Letras –UFMG